O animal de rua ganhou notoriedade por morder somente policiais, protegendo manifestantes durante os protestos no Chile, em 2011
Victória Gearini Publicado em 12/12/2019, às 21h00
Negro Matapacos foi um cão vira lata que ficou famoso durante os protestos pela educação no Chile, em 2011. Na época, o animal surgiu entre os manifestantes e enfrentou gás lacrimogêneo e canhões de água para protegê-los. Devido sua coragem, foi chamado de Negro Matapacos, ou seja, "mata policial".
No começo da década, o movimento estudantil chileno foi duramente reprimido pelo governo de Sebastián Piñera. Diversos manifestantes foram agredidos covardemente em praças públicas. Neste cenário, surgiu um cachorro de rua todo preto que, como um herói, se colocou na frente dos manifestantes e curiosamente só atacava as autoridades.
O animal logo foi adotado pelos militantes e ficou conhecido como Negro Matapacos —termo pejorativo que os chilenos usam para se referir aos policiais. Ele se colocava na primeira fila dos protestos, e driblava os escudos e bombas, para morder as tropas de choque.
Os militantes passaram a vesti-lo com um lenço vermelho, que a cada confronto era trocado. Além disso, recebia comida, banho e outros confortos. A figura revolucionária do vira-lata preto rapidamente foi divulgada pelo país e virou símbolo de luta.
Em 2013, o documentário Matapaco, dirigido por Victor Ramirez, Carolina Garcia, Nayareth Naim, Francisco Millán e Sergio Medel de Enmarcha Films, ganhou o prêmio de Melhor Documentário no Festival de Santo Tomas de Viña do Mar. Além disso, há estátuas do animal instaladas em Iquique e Santiago.
Infelizmente Negro Matapacos faleceu no dia 26 de agosto de 2017, decorrente de velhice, mas seu espírito rebelde se mantém vivo até os dias de hoje, sendo eternizado em cada protesto no país.
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