Maria Antonieta, que por vezes buscava descanso da etiqueta da corte francesa, se refugiava em um espaço mais íntimo do Palácio de Versalhes
Éric Moreira Publicado em 14/12/2024, às 13h00
Localizado onde, no passado, existiu a antiga aldeia rural de Versalhes — hoje um subúrbio de Paris —, o Palácio de Versalhes foi o principal lar da monarquia francesa, servindo como centro do poder absolutista que reinou até a Revolução Francesa.
Porém, para tentar escapar vez ou outra de toda a etiqueta da corte, algumas figuras que passaram por lá construíram espaços mais íntimos próximos ao palácio principal, onde pudessem relaxar. E, foi isso que precedeu a construção da propriedade de Trianon.
Abrigando os palácios Grand Trianon e Petit Trianon, bem como o Queen's Hamlet e monumentais jardins ornamentados, a propriedade teve sua construção iniciada durante o reinado de Luís XIV.
Hoje, o local é associado a figura da rainha Maria Antonieta, esposa de Luís XVI, que enxergava o Petit Trianon como refúgio. Lá, encomendou os maravilhosos jardins paisagísticos que ali foram construídos, em torno de um vilarejo de chalés de estilo rústico.
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Conforme descrito pelo site do Palácio de Versalhes, a propriedade de Trianon contém joias arquitetônicas e jardins magníficos, com diversidade e ornamentação únicos. Foi projetada para permitir que os membros da realeza usufruíssem de momentos mais íntimos.
O palácio de Grand Trianon se destacou como uma composição arquitetônica única, com uma galeria central com colunatas, que abre caminho para o pátio central de um lado, e para os jardins do outro. O primeiro a ser erguido de toda a área do Trianon, ele teve sua construção iniciada em 1687, dirigida por Jules Hardouin-Mansart e acompanhada de perto por Luís XIV.
O rei aproveitou do novo palácio como um espaço onde poderia passar um tempo mais privado com a Marquesa de Maintenon, Françoise d'Aubigné.
Visto por muitos como a obra-prima do arquiteto real Ange-Jacques Gabriel, o Petit Trianon foi concluído em 1768, e em sua época foi uma espécie de manifesto do movimento neoclássico. Esse novo espaço proporcionou ao então rei, Luís XV, e sua amante, a Madame du Barry, a privacidade que buscavam e não tinham no Palácio de Versalhes.
Um fato relevante sobre a propriedade, é que serviu, principalmente, como uma extensão da paixão que o rei tinha pela botânica, já sendo pensado para ser erguido no coração dos jardins. Quando Luís XV morreu, era um dos jardins mais ricamente abastecidos de toda a Europa.
Vale mencionar ainda que, após o seu óbito — quando sucedido pelo seu filho, Luís XVI —, os jardins foram quase completamente reformados, buscando a construção de novos espaços paisagísticos solicitados por Maria Antonieta, que, enfrentando dificuldade para se adaptar à vida na corte francesa, desenvolveu grande apego pela propriedade.
Ainda posterior ao Petit Trianon, entre 1783 e 1786 foi construído o Queen's Hamlet, um ótimo exemplo de como, na época, a vida rural gerava fascínio na nobreza. Inspirado na arquitetura rústica tradicional da Normandia, essa moradia consiste em uma vila, em vez de um palácio, erguida sob supervisão de Richard Mique.
Contava com um moinho de vento e uma leiteria, além de uma sala de jantar, um salão, uma sala de bilhar e boudoir — uma espécie de suíte privada em que mulheres de classe alta tomavam banho e vestiam-se, adjacentes ao quarto. Era no Queen's Hamlet que Maria Antonieta aproveitava do vilarejo para fazer passeios e receber convidados, além de ser onde seus filhos estudavam.
Por fim, na propriedade de Trianon ainda havia o Queen's Theatre, o único edifício que sobreviveu ao tempo praticamente intacto e inalterado. Inaugurado em 1780, era lá onde a rainha assistia a apresentações privadas e, vem ou outra, até mesmo subia ao palco.
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