Pegadas encontradas nas margens de um antigo lago no Quênia sugerem que duas espécies de humanos primitivos teriam compartilhado o mesmo ambiente
Giovanna Gomes Publicado em 29/11/2024, às 10h16
Um novo estudo publicado na revista Science nesta quinta-feira, 28, revela que pegadas deixadas há cerca de 1,5 milhão de anos, nas margens de um antigo lago no Quênia, indicam a coexistência de duas espécies distintas de humanos primitivos no mesmo ambiente.
As pegadas, atribuídas ao Homo erectus e ao Paranthropus boisei, foram feitas em um curto intervalo de tempo, sugerindo que ambas as espécies compartilharam o habitat e possivelmente interagiram.
De acordo com a paleontóloga Louise Leakey, coautora da pesquisa, essas evidências aprofundam a compreensão sobre como os primeiros ancestrais humanos coexistiam, revelando diferenças no estilo de locomoção e no uso do ambiente.
“É surpreendente que você tivesse duas espécies de hominídeos de tamanho similar e corpo grande na mesma paisagem”, destacou Kevin Hatala, autor principal do estudo e paleoantropólogo da Universidade Chatham, em Pittsburgh, de acordo com informações do portal O Globo.
Embora ambas as espécies fossem bípedes, as pegadas mostram que apresentavam estilos distintos de caminhar, apontando para uma diversidade comportamental significativa.
A análise das trilhas fornece um registro único de um momento específico no tempo, mesmo que a datação tenha uma margem de erro de alguns milhares de anos, conforme explica o paleontólogo William Harcourt-Smith, que não participou do estudo. “É uma descoberta extraordinária”, enfatizou.
Descobertas em 2021 na região de Koobi Fora, no Quênia, as pegadas foram inicialmente cobertas com areia fina para preservação até que uma escavação detalhada pudesse ser realizada. Em 2022, a equipe desenterrou 23 metros quadrados de sedimento, revelando 11 novas trilhas, aparentemente deixadas pelo mesmo indivíduo, e três pegadas isoladas em direção perpendicular.
Hatala acredita que os dois indivíduos provavelmente estavam cientes da presença um do outro, seja caminhando simultaneamente ou com poucas horas ou dias de diferença. “Eles se viram e podem ter interagido”, sugeriu o pesquisador, de acordo com a fonte.
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