Fotografia aérea do lago Catalina, na Groenlândia - Reprodução/Universidade de Copenhagen
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3 bilhões de litros de água de degelo é liberada em inundação na Groenlândia

Fenômeno registrado recentemente na Groenlândia é uma das maiores inundações glaciais já documentadas no mundo; entenda!

Éric Moreira Publicado em 14/12/2024, às 15h00

Entre os meses de setembro e outubro deste ano, foi registrado na Groenlândia um fenômeno impressionante e de escala colossal: o lago Catalina, no leste da ilha, liberou um total de 3 bilhões de litros de água no maior fiorde do mundo, o Scoresby Sound, sendo essa quantidade o correspondente ao triplo do consumo anual de pagua de toda a Dinamarca.

Uma inundação de lago glacial (GLOF, na sigla em inglês) nunca foi antes registrada por satélites, e este evento recente é considerado uma das três maiores inundações glaciais já documentadas, segundo comunicado na última quarta-feira, 11, pela Universidade de Copenhague, na Dinamarca. Vale mencionar que este fenômeno vem se tornando cada vez mais comum nas últimas décadas, devido às mudanças climáticas.

O lago Catalina, mantido em uma represa pelo glaciar Edward Bailey, acumulou água proveniente de derretimento da geleira ao longo de 20 anos. Porém, mais recentemente, o volume foi tamanho que conseguiu erguer a massa de gelo, escavando assim um túnel de 25 quilômetros abaixo dela, que levou à inundação de Scoresby Sound, o maior fiorde — grande entrada de mar entre altas montanhas rochosas, originada pela erosão provocada pelo degelo de um antigo glaciar — do mundo.

Felizmente, o episódio não causou nenhum dano, graças à baixa densidade populacional da Groenlândia. No entanto, como eventos do tipo são cada vez mais comuns, hoje estima-se que 15 milhões de pessoas em todo o mundo vivam ameaçadas por inundações glaciais, conforme um estudo de 2023 publicado na revista Nature.

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Energia?

Conforme repercute a Revista Galileu, a energia liberada pela inundação pode ser comparável à produção da maior usina nuclear do mundo, a Kashiwazaki-Kariwa, do Japão, operando em plena capacidade durante 22 dias. No entanto, esse potencial energético não pôde ser aproveitado, devido à pouca infraestrutura da Groenlândia para aproveitar fenômenos do tipo, além da complexidade de tal operação.

Em comunicado, o pesquisador Aslak Grinsted, do Instituto Niels Bohr, da Universidade de Copenhague, explica que "o perigo de lagos represados por geleiras aumenta com o aquecimento global. Precisamos entender melhor esses fenômenos para emitir alertas antecipados em áreas de risco. Se engenheiros brilhantes encontrarem formas de aproveitar essas liberações de água, há um enorme potencial de energia sustentável".

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