Uma das figuras religiosas mais importantes do mundo, a Maria é tema de novo filme que chama atenção na Netflix; entenda
Éric Moreira Publicado em 09/12/2024, às 19h00
No último sábado, 7, chegou à Netflix o filme 'Virgem Maria', atualmente o mais assistido pelos brasileiros da plataforma de streaming. Dirigido por D. J. Caruso, a produção conta com Anthony Hopkins e Noa Cohen no elenco, e narra dramaticamente a trajetória de Maria, mãe de Jesus.
"Ela foi escolhida para grandes feitos, mas o caminho não é fácil. A história do nascimento de Jesus é contada pelos olhos de sua mãe, Maria, nesta história bíblica e épica", narra a sinopse disponibilizada pela Netflix.
O fato do filme seguir o ponto de vista e trajetória de Maria se justifica, pois, dentro da liturgia cristã, ela é vista como uma santa, uma mulher que literalmente subiu aos céus e que deu à luz, mesmo sendo virgem — logo, imaculada —, àquele que viria para salvar a todos.
Porém, sua figura histórica é marcada por uma série de peculiaridades pouco difundidas, alteradas ou ignoradas pela liturgia cristã, o que faz dela, até hoje, uma personagem intrigante e até misteriosa. Confira a seguir 5 curiosidades históricas sobre Virgem Maria, a mãe de Jesus:
+ Maria, mãe de Jesus: Uma história mais complexa do que se imagina
A primeira dúvida que existe, tanto sobre ela quanto sobre Jesus, é a infância da figura que até hoje fascina diferentes idades. O jornalista Rodrigo Alvarez, autor do livro 'Maria', biografia sobre a mãe de Cristo, explica que existem poucos registros sobre o período.
"A infância de Maria é um mistério e permanecerá um mistério. Tudo o que temos são escritos que começam a surgir a partir da segunda metade do Século II com uma tentativa cristã de preencher as lacunas biográficas dos evangelhos", disse o escritor à Aventuras na História.
A vaticanista Mirticeli Medeiros, pesquisadora de história do catolicismo na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, afirma também à BBC que, segundo a literatura apócrifa, Maria "teria sido apresentada a José aos 14 anos de idade". Isso porque era prática na época que as jovens deveriam ser dadas em casamento logo no começo da puberdade, após a primeira menstruação, caso contrário seria considerada "fonte de inquietação para os pais".
"Do ponto de vista modelar dos casamentos mediterrâneos, a jovem conhecia o futuro esposo no dia do casamento. A ideia de namorar inexistia. Essas meninas viviam junto à família e, portanto, só iriam conhecer o marido muitas vezes na cerimônia. O matrimônio era uma relação de acordo entre as famílias", acrescenta o historiador André Leonardo Chevitarese, professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também ao veículo. "Do ponto de vista modelar, essas mulheres aos 16, 17 anos já são mães de dois ou de três filhos".
Um fato sobre a liturgia, razão para dúvida de muitos, é que José — marido de Maria, sempre representado como um homem mais velho — não costuma aparecer nas narrativas de Jesus em sua idade adulta.
Para explicar isso, Chevitarese menciona as pesquisas do historiador e teólogo irlandês John Dominic Crossan, que "aventou a possibilidade de essa ausência ser em razão de uma violenta repressão do exército romano ocorrida ao lado da pequena aldeia de Nazaré".
"Os romanos, para reprimirem uma revolta camponesa, dizimaram os indivíduos que eles consideravam responsáveis. Crossan sugere que José possa ter morrido nessa repressão", prossegue o pesquisador. Logo, Maria não teria apenas se casado jovem, como também se tornado viúva cedo.
Um fato importante que muita gente confunde é que, embora Maria seja uma figura de grande destaque no cristianismo, ela, na verdade, foi uma mulher judia. "A concepção de Maria cristã é uma construção eclesiástica, feita por padres, monges, teólogos", afirmou o estudioso de hagiologias Thiago Maerki, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) à BBC. "Maria era judia, frequentava a sinagoga. A ideia de uma Maria cristã, de uma cristandade em torno de Maria é um produto da Idade Média".
O episódio descrito na liturgia, que marca de maneira definitiva a santificação de Maria, é a sua morte. Responsável por trazer ao mundo o messias, mesmo supostamente virgem, ela não poderia ter um óbito comum, com seus restos mortais perecendo sob a terra. Por isso, veio a ideia da Assunção de Maria, quando ela subiria de corpo e alma aos céus.
No entanto, Chevitarese ressalta que essa ideia só surgiu posteriormente, entre os séculos 5 e 10. Além disso, embora não seja possível negar que ela morreu, por razões puramente biológicas, também não há nada que determine quanto ela viveu.
Há indícios de que Maria morreu logo após o filho, e até de que teria falecido com cerca de 50 anos, retornando para Éfeso (atual Turquia) após a morte de Jesus, ou mesmo que teria voltado para Jerusalém.
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